Por Marina Rodrigues
Os fios da vida são tantos que nos perdemos nas suas dimensões, texturas e cores... enrolados, esticados, com nós, entrançados, coloridos ou a preto e branco... todos são válidos e essenciais para a construção do novelo!
Quando as dificuldades fazem esticar os fios, levando-os àquilo que parecem ser os seus limites, basta um ligeiro, mas cirúrgico toque e a melodia começa a surgir. Inicialmente com pouca afinação, é verdade, mas com engenho e paciência, as notas vão-se sucedendo e começam a mostrar a harmonia do dedilhar nos fios que de tão finos e delicados fabricam uma melodia de esperança... a esperança que sempre lá esteve mas que estes fios por vezes não querem manter! Tão finos e delicados, enlaçam-se e embaraçam-se, desfocando-se da sua função que nada mais é que manter o equilíbrio e a harmonia de um novelo em constante evolução... porque também os há que, por mais frágeis que sejam, conseguem ser mais fortes que o mais grosso dos fios, bastando para tal juntar-se a outros tantos que por afinidade e vontade transformam o mais delicado fio num robusto e elegante novelo...
Por não estarem sozinhos, o caminho que fazem enrolando e desenrolando, facilmente desfaz os nós ou apaga as marcas profundamente gravadas, deixando contributos para mais cores e texturas serem concebidas pelos ventos da criatividade.
E assim se vai construindo um novelo... porque afinal os limites não existem, as combinações são infinitas e os resultados agradavelmente imprevisíveis! Tudo está dependente do engenho e do colorido que cada um dos fios quer ter...
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