momento

21-02-2015 14:15

Por Marina Rodrigues

 

Um copo de espumante ajuda a descontração a instalar-se e os sentidos começam a ficar mais afinados como se um feixe de luz fizesse tudo convergir para um mesmo e único ponto. O tempo já não tem nome porque deixando de existir deixa também de fazer sentido falar dele. Uma janela entreaberta permite que uma ponta do véu seja transparentemente desvendada, antecipando uma visão ainda pouco clara, mas já deslumbrante daquilo que o momento melhor tem para dar ou fazerem dele…

Apesar da unidade há muito já se ter aqui albergado, só com a subtileza do toque isso parece ser real, transportando consigo a sensação de leveza que permite a estes corpos viajarem para sítios inimagináveis até este momento, mas que lentamente se vão tornando mais reais.

Mais real torna-se também a ausência de tudo e ao mesmo tempo a existência de tudo… contradição aparente, que parecendo complexa, nada mais é que a recompensa pela entrega ao momento, que é feita de forma livre, permitindo que o sedutor seja confundido com o seduzido… e vice versa… porque os próprios já não existem desta forma!

O caminho é trilhado com a delicadeza própria das mais belas flores e o jardim que se vai avistando trás consigo a harmonia e a luz que se entrelaça nos mais recônditos mas fantásticos recantos.

É aqui que o véu desaparece e a clareza da visão trás consigo a descoberta de que na união vive todo o universo e assim sendo o universo vive aqui e agora neste momento, em cada célula destes corpos cujos donos os quiseram transportar consigo nesta viajem.

Mas não será a revelação desta imagem que irá antecipar a chegada! Pelo contrário… este eterno momento permanecerá até que o cansaço da mente domine os corpos que voltando a separar-se fisicamente irão manter-se unidos pela força da existência.

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