serenidade

11-02-2015 20:13

Por Marina Rodrigues

 

De repente, um som penetra o coração como uma flecha de flores coloridas, cujo matiz de cheiros perfuma a alma e amacia o ser.

No instante seguinte, um arrepio provocado pela busca incessante da alma, que por hábito ou distração não sabe como desfrutar deste bálsamo sem lhe tentar encontrar um qualquer ponto de exclamação que perturbe a serenidade daquele momento. As cores esbatem-se, as flores parecem murchar e o olfato atraiçoa-nos levando-nos para correntes fortes em mar agitado…

A tempestade parece querer dar tréguas e o sol espreita tímido mas decidido a trespassar as gotículas de água que refrescam o ar por onde passam. E num toque de magia, e porque na natureza nada é por acaso, a luz do sol despe-se e mostra-se nas suas cores originais para que os nossos olhos, pelo menos por um instante, vejam e percebam a beleza e com ela a serenidade que o momento, mais uma vez de repente, nos trás. E porquê um momento? E porque não vários momentos juntos? Ou vários conjuntos de momentos juntos? Ou uma vida, tal como a medimos?

Se de tal dúvida dessemos conta à alma talvez nos surpreendêssemos, talvez a alma não perceba essa coisa do momento, porque para ela é apenas este momento que existe… nada mais! Tudo se passa neste, e não noutro momento qualquer…

Então, se assim é, porque é que o perfume se esbate e as flores murcham sem arrependimentos visíveis, em busca de outros momentos, sempre em busca de outros momentos, que embelezem aqueles que se foram sem razão nem pesar. Resposta difícil se adivinha, a questão tão pertinente e confusa… se confusa não fosse também a nossa mente que salta de momento em momento apenas porque sim!

Resposta talvez simples, se a simplicidade da alma formos buscar e à serenidade nos entregarmos, sem culpas nem medos, sem reticências nem pontos de exclamação, apenas ser neste momento!

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